Em discurso durante manifestação neste domingo (6), na Avenida Paulista, em São Paulo, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que recebeu um “aviso divino” para deixar o Brasil no final de 2022, após perder as eleições presidenciais. Réu por tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro declarou que teria sido preso — ou até mesmo assassinado — se estivesse no país durante os ataques de 8 de janeiro de 2023, quando seus apoiadores invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes, em Brasília.
“Aquilo que aconteceu no dia 8 só não foi perfeito para o lado deles porque, no dia 30 de dezembro, eu saí do Brasil. Algo me avisou, algo de cima. Se eu estivesse aqui, teria sido preso naquela noite, e talvez até morto”, disse Bolsonaro, fazendo críticas ao Judiciário e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem chamou de “vagabundo”.
Durante o discurso, Bolsonaro voltou a atacar o resultado das eleições de 2022, chamando a vitória de Lula de "golpe" e acusando o Judiciário de interferir no processo eleitoral. No entanto, ao falar sobre as eleições de 2026, afirmou que será possível confiar no resultado, mencionando que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) terá um perfil “completamente isento” sob a presidência do ministro Nunes Marques, indicado por ele ao STF.
A manifestação teve como principal bandeira o pedido de anistia aos condenados pelos atos golpistas do 8 de Janeiro. Bolsonaro afirmou que o Congresso Nacional tem a prerrogativa de votar a medida e que os governistas “já perderam essa guerra”. O ex-presidente também mencionou o caso de Débora Rodrigues dos Santos, mulher que ficou conhecida por pintar com batom a Estátua da Justiça durante os atos e que hoje cumpre prisão domiciliar. Bolsonaro se solidarizou com a família dela e criticou o STF por já contar com votos para condená-la a 14 anos de prisão.
O ato reforça o tom de mobilização da base bolsonarista, mesmo em meio às investigações e processos judiciais que envolvem o ex-presidente. A defesa da anistia se articula no Congresso, onde parte dos parlamentares da oposição busca aprovar um projeto que pode beneficiar inclusive Bolsonaro, acusado de liderar a tentativa de ruptura democrática.