Fraude bilionária no INSS derruba gerência no Maranhão e expõe esquema que atinge milhares de aposentados
Weslley Aragão Martins, indicado por articulação política, é exonerado após operação da PF revelar descontos indevidos em benefícios previdenciários; prejuízo nacional pode ultrapassar R$ 8 bilhões.
Por Administrador
Publicado em 16/05/2025 15:32
Maranhão

O escândalo nacional de fraudes em benefícios previdenciários levou à exoneração do gerente-executivo do INSS em São Luís, Weslley Aragão Martins, irmão do vereador Wendell Martins (Podemos). A demissão foi publicada no Diário Oficial da União na última quarta-feira (14), após o avanço das investigações da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), que revelam um esquema de corrupção bilionária envolvendo descontos indevidos em aposentadorias e pensões.

Weslley Martins foi indicado ao cargo por meio de articulação política do deputado federal Fábio Macedo (Podemos) e do senador Weverton Rocha (PDT). A queda ocorre dias após operação da PF aprofundar denúncias sobre irregularidades sistemáticas no repasse de benefícios do INSS, especialmente no Maranhão.

Auditorias identificaram que 100% dos aposentados entrevistados em Raposa (MA) entre os dias 15 e 19 de abril desconheciam os descontos aplicados em seus benefícios por associações conveniadas, como CBPA, AAPS, UNIVERSO, UNASPUB, AMBEC, AAPB, CONAFER, SINDNAPI e ABSP. Nenhum dos entrevistados autorizou os débitos ou tinha conhecimento de sua filiação a essas entidades.

O prejuízo estimado ultrapassa R$ 8 bilhões desde 2016, sendo R$ 4,28 bilhões apenas entre 2019 e 2024. Os estados do Maranhão e do Piauí lideram o número de prejudicados, com até 60% dos aposentados de alguns municípios atingidos. A maioria das vítimas são aposentados rurais, mais vulneráveis pela falta de informação e acesso digital.

A digitalização dos processos e o aumento no número de convênios do INSS com entidades privadas — que saltaram de 15 em 2021 para 33 em 2024 — facilitaram a proliferação da fraude. O escândalo gerou uma crise institucional, que resultou na substituição do ministro da Previdência, com Carlos Lupi dando lugar a Wolney Queiroz, e também do presidente do INSS, agora sob comando de Gilberto Waller Júnior, corregedor da Procuradoria-Geral Federal.

 

No Congresso Nacional, já há articulação para a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar responsabilidades. Embora o governo Lula aponte que a maioria dos convênios suspeitos tenha sido firmada em gestões anteriores, reconhece que o valor dos descontos triplicou nos últimos dois anos, revelando falhas de fiscalização e um sistema extremamente vulnerável — com impacto direto sobre milhares de brasileiros que dependem da Previdência para sobreviver.

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