Ameaças de morte e estupro: pesquisa revela a gravidade da violência digital contra mulheres negras na política
Estudo inédito do Instituto Marielle Franco aponta que 71% das ameaças contra candidatas e ativistas citam morte ou estupro, transformando o assassinato de Marielle Franco em uma "advertência brutal".
Por Administrador
Publicado em 27/08/2025 12:06
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Luyara Franco, diretora executiva do Instituto Marielle Franco, em evento de lançamento da pesquisa “Regime de ameaça: a violência política de gênero e raça no âmbito digital (2025)”. (Foto: Joédson Alves/Agência Brasil)

DIREITOS HUMANOS - A violência política digital no Brasil é sistêmica e coordenada, com ataques direcionados principalmente a mulheres negras, LGBTQIA+, periféricas e defensoras de direitos humanos. É o que revela a pesquisa “Regime de ameaça: a violência política de gênero e raça no âmbito digital (2025)”, lançada nesta quarta-feira (27) pelo Instituto Marielle Franco (IMF).

 

O estudo mostra que 71% das ameaças mapeadas contra essas mulheres envolveram menções a morte ou estupro. Além disso, 63% das ameaças de morte fizeram referência direta ao assassinato da vereadora Marielle Franco, revelando um padrão simbólico e violento que usa seu feminicídio como uma "advertência brutal" para afastar mulheres negras da política.

 

A pesquisa, baseada em dados de atendimentos do próprio Instituto Marielle Franco e de parceiros como o Instituto Alziras e o portal AzMina, destaca que essa violência não é pontual, mas parte de um sistema maior que busca silenciar e invisibilizar mulheres que, na visão da diretora executiva do IMF, Luyara Franco, são a base que sustenta o país.

 

Recomendações e o papel das plataformas digitais

 

Para combater esse cenário, o estudo propõe ações concretas, como a criação de uma Política Nacional de Enfrentamento à Violência Política de Gênero e Raça. A proposta busca orientar o Estado, o Legislativo, a sociedade civil e, principalmente, as plataformas digitais a garantir a proteção dessas mulheres.

 

"Queremos que essa publicação sirva de base para ações concretas de proteção e para responsabilizar agressores e plataformas digitais," afirma Luyara Franco. O compromisso do Instituto, fundado em 2019 pela família de Marielle, é defender sua memória e fortalecer mulheres negras, pessoas LGBTQIA+ e periféricas a lutar por um país mais justo, onde possam disputar espaços políticos sem medo.

Fonte: Agência Brasil

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