PM suspeito de tortura contra adolescente é preso preventivamente no Maranhão
Justiça aponta indícios de agressões graves, dano qualificado e tentativa de forjar crime contra vítima em Pedreiras
Por Administrador
Publicado em 08/12/2025 10:24
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Repercussão no Maranhão. A denúncia de violência física e psicológica contra um adolescente, supostamente praticada pelo policial militar Francisco de Assis, ganhou destaque após o jovem e sua mãe relatarem o caso. (Foto: Reprodução/Instagram/opedreirense)

O policial militar Francisco de Assis Cavalcante da Silva foi preso preventivamente na tarde deste domingo (7) por suspeita de agredir e torturar um adolescente de 17 anos no município de Pedreiras, no Maranhão. A decisão foi proferida pela juíza Sheila Silva Cunha, responsável pelo Plantão Regional Criminal de Lago da Pedra, que também autorizou um mandado de busca e apreensão.

 

Francisco de Assis é investigado pelos crimes de tortura, dano qualificado e comunicação falsa de crime. Ele foi afastado das funções pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP) e teve sua arma recolhida.

 

Tortura de 1h30 e tentativa de falsa comunicação de crime

 

Segundo a representação da Delegacia Regional de Pedreiras, a vítima relatou ter sido submetida a cerca de 1h30 de agressões após ser surpreendida na casa da namorada, que é enteada do policial. O adolescente afirma ter sido amarrado pelos pés e mãos, recebido socos, chutes e ameaças de morte. Laudo pericial emitido em 3 de dezembro confirmou as lesões corporais graves.

 

Após o espancamento, o policial é acusado de chamar uma viatura e levar o adolescente, ainda amarrado, à delegacia. Lá, ele teria forçado a vítima a assumir falsamente a tentativa de furto de uma motocicleta, alegando que as lesões ocorreram durante uma suposta fuga. Um Boletim de Ocorrência com a narrativa forjada chegou a ser registrado.

 

Justiça vê risco à ordem pública

 

A juíza fundamentou a prisão preventiva na prova da materialidade e indícios de autoria, destacando o risco que a liberdade do investigado representa para a ordem pública. Foram considerados:

 

Laudo atestando lesões graves compatíveis com tortura.

 

Risco de intimidação à vítima e a testemunhas.

 

Gravidade do caso, envolvendo um policial militar em situação de abuso de poder.

 

A magistrada ressaltou que o comportamento atribuído ao policial é "incompatível com a ordem pública" e pode afetar a credibilidade das instituições de segurança.

 

Defesa do PM contesta as acusações

 

A defesa de Francisco de Assis divulgou nota contestando as acusações, afirmando que as versões apresentadas "não condizem com a realidade dos fatos". O militar ressaltou ter mais de 12 anos de serviços prestados à corporação sem denúncias de abuso de autoridade, e se colocou à disposição das autoridades.

 

A Secretaria de Segurança Pública informou que a Polícia Civil instaurou inquérito para investigar o caso com rigor e que o Sistema de Segurança Pública do Maranhão "não compactua com condutas ilegais de seus agentes".

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