Tumba egípcia revela mistérios de dinastia esquecida há mais de 3.600 anos
Descoberta em Abidos, câmara funerária monumental pode pertencer a um rei desconhecido da enigmática Dinastia de Abidos, ausente dos registros históricos do Egito Antigo.
Por Administrador
Publicado em 05/04/2025 13:16
Notícia

Arqueólogos descobriram, em Abidos, no Egito, uma tumba monumental que pode reescrever parte da história do Egito Antigo. Escavada a cerca de sete metros de profundidade, a câmara funerária de calcário com múltiplos cômodos e decoração elaborada teria pertencido a um rei que governou o Alto Egito durante o Segundo Período Intermediário (1640–1540 a.C.), possivelmente um integrante da misteriosa Dinastia de Abidos.

A tumba foi localizada em janeiro, na chamada "Montanha de Anúbis", uma área sagrada associada ao deus Osíris e que serviu como necrópole real por séculos. O local já havia revelado anteriormente outras tumbas atribuídas à dinastia esquecida, incluindo a do faraó Seneb-Kay — um nome ausente das listas oficiais de reis egípcios.

Diferente das descobertas anteriores, esta câmara funerária é significativamente maior, com cerca de 6 metros de comprimento por 1,9 metro de largura, o que sugere que seu ocupante teve maior prestígio. No entanto, o nome do rei permanece ilegível devido à ação de saqueadores, e nenhum resto humano foi encontrado que ajude a identificá-lo. Ainda assim, acredita-se que possa se tratar de um dos reis pouco documentados, como Senaiib ou Paentjeni, ou mesmo de um faraó até então desconhecido.

A descoberta reforça a hipótese de que a Dinastia de Abidos existiu como um governo regional durante um período de fragmentação do Egito, sendo propositalmente apagada dos registros históricos pelas dinastias posteriores. Segundo o arqueólogo Josef Wegner, responsável pela escavação, essa revelação “abre um novo caminho de investigação” sobre um capítulo pouco compreendido da história egípcia.

Além da tumba, os pesquisadores encontraram representações pintadas das deusas Ísis e Néftis, tradicionalmente associadas aos rituais de luto. A equipe planeja expandir as escavações para uma área de 10.000 m² e utilizar tecnologias como radar de penetração no solo e magnetometria para localizar novas estruturas.

Especialistas como Salima Ikram e Laurel Bestock, embora não envolvidas diretamente na escavação, destacam a importância da descoberta para aprofundar o entendimento sobre esse período enigmático, marcado por reis “apagados” dos registros em nome de uma narrativa oficial unificada.

 

Embora a identidade do rei ainda seja um mistério, a tumba lança luz sobre uma dinastia quase esquecida e fortalece o papel da arqueologia como ferramenta para recontar a verdadeira história do Egito Antigo.

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