A Secretaria de Estado do Turismo do Maranhão (Setur-MA), por meio do Observatório do Turismo (Obstur-MA), divulgou um levantamento inédito que traça o perfil socioeconômico, cultural e produtivo dos artesãos maranhenses. Com base nos dados do Sistema de Informações Cadastrais do Artesanato Brasileiro (SICAB), o estudo analisou 820 artesãos entre janeiro de 2023 e dezembro de 2024.
Os dados mostram que o artesanato no Maranhão é uma atividade majoritariamente feminina: 88,1% dos artesãos são mulheres, a maioria com idade entre 36 e 60 anos. O setor representa não apenas a preservação de saberes tradicionais, mas também uma fonte de renda significativa para milhares de famílias. A capital São Luís concentra o maior número de artesãos, seguida por Paço do Lumiar e Imperatriz.
Segundo a secretária de Turismo, Socorro Araújo, o estudo é essencial para a formulação de políticas públicas eficazes. “Cada peça artesanal carrega a alma e a identidade do nosso povo. Com base neste diagnóstico, estamos implementando ações de qualificação, incentivo à comercialização e valorização do artesanato maranhense”, afirmou.
A pesquisa destaca que 71,7% dos artesãos vivem em áreas urbanas, e 69,39% se autodeclaram pardos. Houve crescimento expressivo no nível de escolaridade da categoria: o percentual de artesãos com ensino médio completo saltou de 35,19% em 2022 para 58,18% em 2024. A atividade é a principal ocupação para 61,3% dos entrevistados, sendo que 36,2% atuam há mais de 20 anos.
Entre os fatores que motivam o ingresso no artesanato, a tradição familiar aparece como principal (35,24%), seguida da habilidade inata (29,39%). A produção é feita majoritariamente nas próprias casas (91,83%) e de forma individual (77,2%). As jornadas variam entre 2 e mais de 8 horas por dia.
Na produção, os itens mais fabricados são tapetes e passadeiras (16,19%), peças de vestuário (8,66%) e bolsas (8,36%). As técnicas mais utilizadas incluem crochê (46,49%), montagem (13,13%) e renda macramê (8,08%). A maioria dos materiais utilizados são de origem vegetal, como linha de algodão, barbante e fibras naturais como buriti e miriti.
A comercialização ainda ocorre, em sua maioria, de forma tradicional: 63,17% por meio de encomendas e 40,61% com vendas realizadas no domicílio do comprador. Apesar disso, há indícios de expansão do setor para mercados internacionais, com registros de exportação para países como Estados Unidos, Bélgica e França.
O estudo também destaca o forte pertencimento étnico dos artesãos maranhenses: 88,2% se autodeclaram indígenas, com representatividade de comunidades tradicionais como quebradeiras de coco babaçu e quilombolas, ambos com 3,9%.
O Centro de Comercialização de Produtos Artesanais do Maranhão (Ceprama), localizado em São Luís, é uma das principais vitrines do setor. Em 2025, 393 artesãos foram cadastrados na plataforma SICAB para emissão da Carteira Nacional do Artesão, totalizando 3.854 registros ativos no estado. Com isso, o Maranhão marca presença em grandes feiras nacionais como a Feira Brasília, a Fenearte (Recife) e a Fenacce (Fortaleza).
A coordenadora estadual do Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), Liliane Castro, destacou o crescimento da formalização. “Mais de 80% dos cadastrados já possuem a Carteira do Artesão, o que garante acesso a benefícios como feiras, capacitação e crédito. É um avanço importante para a valorização do artesanato e o desenvolvimento regional”, concluiu.