O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva já soma 120 pedidos de convocação de seus ministros na Câmara dos Deputados em pouco mais de um ano de mandato. A extensa lista abrange denúncias de corrupção, gastos considerados excessivos, suspeitas de fraude — como o caso das marmitas —, decisões envolvendo sigilo de informações e até escândalos relacionados a estatais.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, tornou-se o principal alvo de parlamentares. Ao todo, 19 pedidos de convocação foram apresentados contra ele, sendo oito motivados por sua recente declaração de que “a polícia prende mal”, o que gerou forte reação da oposição e de setores ligados à segurança pública. Também causou polêmica a decisão de manter sob sigilo dados sobre fugas em presídios, o que ampliou as críticas à condução da pasta.
Os pedidos de convocação não se limitam à área da segurança. Parlamentares cobram explicações sobre gastos governamentais considerados descontrolados, além de episódios envolvendo suspeitas de fraude em contratos, como o fornecimento de alimentos, e questionamentos sobre a condução de empresas públicas com prejuízos acumulados.
Embora convocações de ministros sejam procedimentos comuns em regimes democráticos com prestação de contas ao Legislativo, o volume atual reflete o ambiente de tensão política e a crescente pressão da oposição sobre o governo federal. As sessões com os ministros devem ocorrer nas comissões temáticas da Câmara, podendo evoluir para CPIs, dependendo do avanço das investigações ou do peso das denúncias.
O Palácio do Planalto ainda não se manifestou oficialmente sobre os pedidos, mas articula sua base aliada para tentar barrar ou esvaziar as convocações mais sensíveis. Enquanto isso, a oposição segue utilizando os casos como estratégia para fragilizar o discurso de governança ética e controle fiscal da atual gestão.