PT barra candidatura de mulher trans negra à presidência do partido e é acusado de discriminação
Dani Nunes teve sua candidatura indeferida após retirada de apoio de membro do diretório. Ela recorre e denuncia “violência política de gênero e raça”.
Por Administrador
Publicado em 29/05/2025 11:00
Política
Foto: Lula Marques/PT

O Partido dos Trabalhadores (PT) indeferiu a candidatura de Dani Nunes à presidência nacional da legenda, o que gerou forte repercussão dentro e fora do partido. Mulher trans, negra e moradora da zona oeste do Rio de Janeiro, Dani afirma que sofreu violência política motivada por gênero e raça.

A exclusão se deu após a retirada de uma das cinco assinaturas necessárias de membros do Diretório Nacional que haviam inicialmente apoiado sua candidatura. A comissão organizadora considerou a retirada válida e invalidou o registro da chapa. Dani contesta a decisão, alegando que o estatuto do PT não prevê essa possibilidade após o prazo oficial, e argumenta que o episódio viola os princípios de boa-fé e inclusão que o partido diz defender.

"Fui surpreendida depois de vibrar de alegria. Meu chão ruiu", afirmou Dani, que seria a primeira mulher trans negra a disputar o comando nacional da legenda.
"Não esperava que a atitude individual de uma pessoa poderia comprometer todo um histórico de luta, tanto meu, enquanto mulher trans negra, quanto do partido que leva o nome da classe que faz este país acontecer: trabalhadoras e trabalhadores."

A corrente interna Raízes do PT, à qual Dani é filiada, classificou a decisão como "arbitrária e injusta", e criticou a exclusão de uma candidatura representativa da diversidade social. Em nota, o grupo reforçou a acusação de "violência política de gênero e raça" e questionou o fato de a eleição prosseguir com apenas quatro homens brancos na disputa: Edinho Silva, Valter Pomar, Romênio Pereira e Rui Falcão.

A direção do PT, por sua vez, declarou oficialmente que Dani “não cumpriu as regras estabelecidas no Regulamento do Processo de Eleição Direta (PED) 2025”. A eleição está marcada para o dia 6 de julho.

 

O episódio reacende o debate sobre inclusão nas estruturas partidárias e levanta questionamentos sobre a prática concreta dos valores progressistas defendidos pela legenda. A decisão sobre o recurso interposto por Dani Nunes será tomada pelas instâncias internas do partido nas próximas semanas.

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