Conflito entre Israel e Irã eleva preço do petróleo, pressiona combustíveis e acende alerta de inflação no Brasil
Tensão no Oriente Médio faz barril do Brent disparar e ameaça encarecer gasolina, alimentos e transporte; cenário pode adiar queda da Selic.
Por Administrador
Publicado em 21/06/2025 12:00
Economia

A escalada do conflito entre Israel e Irã já provoca impactos significativos na economia global, com reflexos diretos no Brasil. O preço do barril de petróleo tipo Brent ultrapassou os US$ 76 (cerca de R$ 418) nesta semana, com alta superior a 4%, impulsionado pelo temor de interrupções nas rotas de exportação de petróleo no Oriente Médio.

Embora o choque de oferta seja, por enquanto, considerado temporário, economistas alertam para os efeitos sobre o bolso do consumidor brasileiro caso a crise se prolongue por mais de um mês. Roberto Dumas, professor da FIA Business School, afirma que o aumento do petróleo tende a pressionar toda a cadeia de preços no Brasil, elevando custos de combustíveis, fretes e alimentos, com impacto direto na inflação.

Além do petróleo, a crise também ameaça o fornecimento de produtos como a ureia, importante insumo para o agronegócio brasileiro. “Se a situação persistir, os preços podem disparar, prejudicando desde a produção agrícola até os preços nas prateleiras dos supermercados”, explica Dumas.

Entre os gargalos logísticos mais preocupantes estão o Estreito de Ormuz, por onde passa cerca de 30% do petróleo transportado por mar no mundo, além de outras rotas estratégicas como o Mar Vermelho e o Canal de Suez, também afetados por tensões militares recentes.

No Brasil, a Petrobras enfrenta um dilema: repassar a alta internacional dos preços para os combustíveis ou segurar os reajustes e correr o risco de desabastecimento. Cerca de 30% da gasolina consumida no país ainda depende de importações. Segundo especialistas, uma tentativa de controle artificial dos preços pode afastar importadores privados, gerando escassez.

Do lado fiscal, o governo também é pressionado. Caso a Petrobras retenha dividendos para amortecer os preços dos combustíveis, o Tesouro Nacional perderia receita em um momento de déficit fiscal elevado, estimado atualmente em 7,7% do PIB.

O cenário complica ainda mais as perspectivas para a política monetária. A expectativa de cortes na taxa básica de juros (Selic) pode ser adiada, e a taxa de 15% ao ano pode se manter alta por mais tempo para conter os efeitos inflacionários da crise internacional.

 

“Ou a alta do petróleo pressiona a inflação e o Banco Central responde com juros mais altos, ou o mercado cobra o preço em forma de aumento do risco fiscal. De um jeito ou de outro, o custo vai chegar ao consumidor”, finaliza Roberto Dumas.

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