Trump fixa tarifa básica de 15% e impõe taxa máxima de 50% ao Brasil a partir de 1º de agosto
Presidente dos EUA pressiona por fim do julgamento de Bolsonaro e classifica relação com o Brasil como "desfavorável"; tarifas são parte de estratégia mais agressiva de política comercial.
Por Administrador
Publicado em 23/07/2025 20:00
Mundo
O presidente dos EUA, Donald Trump, discursa durante uma cúpula sobre IA em Washington — Foto: Chip Somodevilla/Getty Images via Bloomberg

Durante uma cúpula sobre inteligência artificial realizada em Washington nesta quarta-feira (23), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou oficialmente a nova estrutura de tarifas de importação dos EUA, estabelecendo uma alíquota mínima de 15% e podendo chegar até 50% para países considerados "hostis ou desleais". O Brasil foi incluído na categoria de tarifa máxima, com aplicação prevista para o dia 1º de agosto. Segundo Trump, a medida é uma resposta direta à atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e a possíveis práticas comerciais consideradas injustas, como barreiras contra empresas americanas de tecnologia.


Notícia completa:

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (23), durante uma cúpula sobre inteligência artificial em Washington, que o novo modelo de tarifas comerciais norte-americanas terá uma base mínima de 15% e poderá atingir até 50% para determinados países. O Brasil será um dos primeiros alvos da tarifa máxima, com aplicação já confirmada a partir de 1º de agosto.

“Vamos ter uma tarifa simples e direta de algo entre 15% e 50%. Algumas — temos 50% porque não temos nos dado muito bem com esses países”, declarou Trump, sem rodeios, ao justificar a escalada tarifária.

Entre os motivos para a inclusão do Brasil na alíquota mais elevada está a insatisfação do governo norte-americano com o andamento do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no Brasil. Trump voltou a cobrar o arquivamento do processo, classificando a atuação do STF como uma “ameaça à democracia e ao bom relacionamento bilateral”. Além disso, o presidente ordenou a abertura de uma investigação sobre supostas restrições à operação de empresas de tecnologia dos EUA no Brasil, além de outras práticas comerciais consideradas desleais.

A decisão marca uma guinada ainda mais agressiva na política comercial americana, que nos últimos meses já vinha sinalizando mudanças. Em abril, Trump havia anunciado uma tarifa universal de 10% sobre as importações de quase todos os países. No início de julho, afirmou que mais de 150 países receberiam uma carta com taxas de "provavelmente 10% ou 15%", mas a nova diretriz ampliou os patamares e estabeleceu critérios mais rígidos.

Segundo o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, países menores, incluindo América Latina, Caribe e África, estariam inicialmente sujeitos à tarifa de 10%, mas agora, com o novo pacote, muitos deverão ser enquadrados em faixas mais altas, especialmente se forem considerados obstáculos ao comércio livre com empresas norte-americanas.

Mesmo com o tom punitivo, Trump afirmou que os países ainda podem buscar acordos que possibilitem a redução das tarifas, embora tenha indicado não estar interessado em negociações extensas. “Temos tantos países. Você não pode negociar acordos com todos”, afirmou. “Se concordarem em abrir seus mercados às nossas empresas, poderão ter tarifas mais baixas.”

Na terça-feira (22), como sinal de disposição seletiva para concessões, Trump anunciou a redução da tarifa de 25% imposta ao Japão para 15%, em troca da retirada de barreiras a produtos americanos e do apoio a um fundo de investimentos de US$ 550 bilhões.

Enquanto isso, países como Coreia do Sul, Índia e membros da União Europeia ainda estão em tratativas para evitar a aplicação das taxas máximas. O presidente declarou que as conversas com a UE estavam "sérias" e que poderiam resultar em um acordo mais equilibrado.

 

A decisão de Trump sobre o Brasil reacende tensões diplomáticas entre os dois países e levanta preocupações sobre os impactos econômicos da medida. Especialistas alertam para possíveis retaliações e prejuízos às exportações brasileiras, especialmente nos setores agrícola, de aço e tecnologia.

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